quinta-feira, 16 de julho de 2009

Tudo mudou

Dia desses, eu estava sozinha, tomando um vinho na sala de casa. Agora, tenho um bebê dormindo no quarto dele, de vez em quando fazendo um barulhinho divertido que sempre me desperta; e um marido dormindo no quarto principal, cansado depois de um dia inteiro de trabalho.
Eu não sei quando a minha vida mudou assim tão radicalmente. Mas um dia eu estava sozinha, pensando na solidão e na solidez da carreira e noutro dia eu estava com um filho de 1 ano e 2 meses e desempregada, pensando em como pagar as contas do mês seguinte.
A vida é muito engraçada. Tudo muda. Pessoas surgem. Agora tenho a razão da minha existência dormindo no quarto ao lado. Ele nem sabe que é isso tudo pra mim. Mas minha vida nada mais é do que uma coleção de dias ao lado desse pequeno cidadão de 75cm de altura ;-)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Vontade de mudar

Ainda bem que o trabalho não é nossa vida, e sim apenas uma parte dela. O meu costumava ser meu motivo de orgulho, até que a vida deu uma guinada e minha família passou a ser meu tudo, ficando o trabalho em posição bastante desconfortável.

Não que não goste mais de trabalhar - continuo adorando a ideia de ser profissional, de dar conta de tudo, de correr atrás dos meus sonhos. O problema é que não sei mais quais são os meus sonhos. Profissionais, quero dizer.

Nem sei mais se tenho sonhos ou se deixei me levar de tal forma pela melancolia da rotina que cansei de procurar algo que realmente me deixasse feliz de verdade.

Agora só vivo para voltar para casa e encontrar meu pequeno, dar de cara com aquele sorrisão banguela que me espera feliz, todo dia, e me recebe de bracinhos abertos, cheio de amor e de saudades.

E o trabalho, cada vez mais triste. Não há palavra que descreva melhor esse momento. Triste porque desesperançado, perdido, abandonado. Os sonhos ficaram lá atrás ou estão mais à frente?

Metas. Preciso delas. Sonhos. Metas e sonhos. Sem planos, o que seria de nós? Bem, eu sei o que é de mim. Uma pessoa que conta os minutos para sair correndo para o que realmente importa.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Leitura para ocupar a mente

Quando sobra um micro tempinho, tenho tentado ler. Como fiquei um bom tempo parada, sem ler nada porque os primeiros meses do Gui foram uma brabeira danada, resolvi não partir logo para "drogas pesadas". Por isso aceitei a indicação de amigas que estavam lendo a série que começa com "Crepúsculo".

Comprei o primeiro cheia de curiosidade. Confesso que para quem está acostumada a boa literatura e é fã de Clarice Lispector, Simone de Beauvoir e Cecília Meirelles, fiquei bem decepcionada com a qualidade literatária. Mas diverte. Costumo dizer que é uma espécie de "Júlia/Sabrina/Bianca" com um texto um pouco melhor, uma encadernação de primeira e muita mídia.

Mas para quem só quer se distrair, recomendo. E cá entre nós, é muito chato aquele discursinho intelectualóide que diz que só literatura "pesada" é boa literatura. Acho que qualquer leitura vale a pena, e eu leio até bula de remédio.

Isso não faz com que eu goste menos dos meus ídolos Kafka, Dostoievsky, John Fante, Shakespeare e muitos outros. Mas agora preciso de coisas leves, divertidas, simples, livros que possam ser devorados. Para retomar mesmo o hábito de separar pelo menos uma horinha por dia para ler. E acho que estou conseguindo. Já é uma vitória.

Assim, acabei de ler o "Crepúsculo" e já comecei o "Lua Nova". Acabei ganhando o "Eclipse" e daqui a pouco devo ganhar também o "Amanhecer".

Quem sabe minha vida não fica mais animada com a história de amor bizarra entre um vampiro camarada e uma adolescente pentelha? ;-)

A vida é maratona

Para quem morou sozinha por tantos anos, minha vida deu uma guinada radical. Antes eu tinha tempo para tudo, até para pensar besteira. Agora, mal consigo ler. Ser mãe ocupa todo o tempo. E ser casada também dá trabalho (risos). Agora, me perguntem: eu estava feliz antes, quando tinha tempo de sobra, até para ficar deprimida? Acho que nem preciso responder, né?

O dia é uma louca maratona - acordo pouco depois das 6h, me arrumo e vou para a academia. Antes das 8h preciso estar em casa para me arrumar, arrumar o Gui, fazer um café, dar um jeito na mochila que levo para a creche, vir com o Alexandre pro Rio - chego umas 9h30, 10h, e fico no Globo até às 18h, 18h30. Some-se a isso uma hora, uma hora e meia de ponte, chego em casa sempre às 19h30, 20h, quando dispenso a Lu, a empregada que pega o Gui na creche, e aí tem início a terceira maratona, que é ficar atrás do Gui, que já está engatinhando e tentando andar. Lá para às 22h, ele começa a ficar com sono. Preparo então a mamadeirona de cereal+fruta+leite, que ele toma com prazer. Coloco o gatinho pra dormir e, aí sim, vou tentar arrumar as coisas para o dia seguinte, adiantar outras tantas, tentar ler, qualquer coisa.

A vida é uma maratona mesmo, minha gente. E eu não tinha a ilusão de que seria diferente.
Mas tudo vale MUITO a pena. Porque meu bichinho está crescendo, se desenvolvendo, a rotininha vai se repetindo e quando eu menos esperar, meu Gui fará um ano.

Já estamos pensando nos preparativos da festinha dele. Mais trabalho pra mim, menos tempo pra ficar sem fazer nada, sem ler, sem pensar besteira.

Bem, que bom que é assim, né? ;-)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O retorno, depois de tudo

Por que pegar de volta uma coisa tão ultrapassada, tão "batida" como o blog? Será que já não está datado? Pois é. Pois não é. Talvez seja. Mesmo assim, decidi retornar aos posts particulares, agora de forma mais reservada. Perigoso ter a vida exposta, mesmo quando ela é um livro aberto. Sempre.
Mas sinto falta de blogar pra mim mesma. E para os íntimos. Blogar sobre o tudo e sobre o nada. Apenas pensar.
Agora sou mulher, mãe, dona de casa, jornalista profissional, blogueira profissional, esposa também (embora tenha amigas que detestem o termo, me sinto confortável com ele, apesar de não combinar muito com o meu antigo estilo). Seja como for, gosto da vida nova que ganhei. Gosto não, amo.
Agora tenho um bebezinho e um maridinho. Ambos dependem de mim. E eu dependo deles, porque sem eles não vivo mais. Bonitinho assim. Simplezinho assim. Mas amo essa simplicidade. Apesar de "moderna" - profissional, viajada, bem sucedida, como alguns sempre disseram - sempre levei jeito pra vida doméstica.
E me adaptei bem à vida de mãe. Modéstia à parte, sou uma genitora dedicada e apaixonada por aquele pequeno cidadão que pus no mundo. Meu Gui.
Mas esse blog não é só sobre ele. Nem só sobre a maternidade. É sobre mim, eu mesma, Elis e Elisângela. Nem preciso dizer que sinto falta de um espaço para brincar com as palavras. Porque sim, elas ainda habitam em mim.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Onde estás?

Como é que se ensina alguém
quando nem você confia?
O que dizer, o que sentir,
quando tuas forças se concentram
numa manifestação involuntária dos seus músculos?

Quando seu cérebro nem te reconhece mais?
E seus dedos tocam as teclas
e elas nem te obedecem?
Quando os sorrisos se calam
e as unhas dos seus dedos se mostram,
quando até teus confidentes se calam?

É momento de cessar o sentimento
e seguir adiante
quando os teus olhos, faróis,
nem me perseguem mais...
quando as flores que te adornam
nem me enfeitam mais?

Quando a poesia do seu corpo
em um só momento, se esvai?
Quando seu sangue, traiçoeiro,
poesias mil vai desenhando, vai...
Quando as palavras calam
e me emudecem...
Cadê você? Onde estarás?
Em que continente, em que planeta estás?

Tolas palavras

Palavras não ditas são palavras perdidas,
letras belas e tortas relegadas a milésimo plano,

tortura obscena e triste
porque as sílabas formam belos fonemas
e poemas.
Coloque uma música para tocar,
relaxe o coração, deixe-se levar,
esqueça que lá fora
há tanta vida desperdiçada, desiludida,
tanta dor no caminho
e mesmo assim as palavras ficam engasgadas.

Deixe-as sair, faça-as ganharem vida
e criar prazer do que parecia mera ilusão.
Mas não... não...
as palavras não saem
elas sufocam o peito
e ardem e queimam,
teimosas como capricorniana arrependida.

Não sabem sair
mas também não podem morrer.
E vão levando uma vidinha sem graça,
vidinha vagabunda que merece mais.
Que queria o palco mas manteve-se no bastidor.

Porque não soube decorar as falas
ou não as pode pronunciar.
Socorre esse peito sufocado,
deixe-o respirar, gritar,
deixa a boca executar sua função.

E mais do que um beijo sôfrego
receba essa enxurrada de palavras...
palavrinhas e palavrões.